possessão

Eu quero o beijo mais sincero...
A lua, a rua, a estrela cadente
E o sol amarelo.
Eu quero o tudo, o mais um pouco
E o nada também serve.
Quero-lhe encher o saco,
Quero um pouco d'água
Depois de me fartar com o ribeirão!
Não quero você, pois já te tenho.
Eu quero paz, guerra, o velho mundo
E a Nova Inglaterra.
Tomar o senado romano com uma rosa
Na boca do canhão!...
Eu quero o que está em meu alcance
A poesia,o romance...
Eu quero namorar com um chafaríz
E levantar as saias de uma estátua!
Eu quero terminar esse poema.
Não preciso de regras gramaticais
Mais do que de um fonema.
Eu quero que me escute se tiver ouvidos.
Eu quero que me cale se tiveres razão.
Quero que me entenda e não preciso de sermão
Eu quero o que não sei se quero!...
Quero ser um anjo e me torno uma "possessão"!


Estar cheio que a mim me vistam...

Estar cheio que se vistam de mim...
Estar cheio que me vejam...
Estar cheio de povo...
E despir-me!

Ser meu.
Ser meu e de mais ninguém...
Ser incondicional...

Ser consequência do que sou,
não do que faço...
Porque ser: sou sempre,
mas o que faço:
...nem sempre!

Domesticar-me pela boca,
e ser mais do que o que domestico!
Ser agora e ser passado,
não ter futuro,
e ser o longo caminho que tenho a fazer!
Ser esta estrada em que me faço...

Eu já tentei sorrir, Mas nada surgiu Do que a falsidade. Como sorrir se meus olhos choram? Não posso disfarçar a tristeza, Não posso me esconder dos outros, Não posso mentir para mim… Estou resumindo o que sinto Em apenas uma reticência… Olhos tão fundos Cansados de demonstrar sentimentos, Olhos que brilham de lágrimas Olhos [...]

Não quero saber destes sonhos

Nem dar asas ao desejo.

Quero a ternura sem medo,

Olhar-te nos olhos,

Dar-te um beijo.

Faço posse, não descrevo,

É inútil você ficar à escuta

Ou manobrar o que observo.

Que farei nesta luta

Se na sombra de um beijo

Você me transporta.

Desliza a mão suave

Distraidamente sobre meu peito,

Domina e me deixa leve,

Exala seu perfume

Do seu jeito...

No seu domínio.